08/02/2010

Caso de"Tentativa de Corrupção" que envolveu João Cabral reaberto

Um treinador do S.C. Coimbrões, um ex-vice-presidente e o um amigo destes estiveram envolvidos na tentativa de corrupção de um árbitro a troco de 1500 euros, na época passada. Os três, a par do clube de Gaia, da 3.ª Divisão, já foram acusados pelo Ministério Público.

Competição suspensa

Por causa das suspeitas de corrupção, a série B da 3.ª Divisão da época passada esteve suspensa enquanto durou uma averiguação do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol. No final, o caso foi arquivado por "não terem sido identificados" agentes do ilícito.

Acusados concretos

A dedução da acusação do DIAP do Ministério Público do Porto deverá originar a reabertura daquele inquérito disciplinar, por agora haver acusados concretos. Alvo de sanções também deverá ser o clube. O julgamento do processo-crime deverá realizar-se nos Juízos Criminais do Porto.

Presidente desconhecia

Armindo Lobato, presidente do Coimbrões, sempre se afirmou alheio ao suposto caso de tentativa de corrupção do árbitro. Disse que nenhum dirigente foi mandatado para subornos e que o suposto intermediário terá actuado abusivamente. Explicou, ainda, ter feito uma reunião de Direcção para averiguar o envolvimento dos demais dirigentes e que nada descobriu.

A abordagem ao árbitro João Paulo Cabral, que dirigiu o Serzedelo-Coimbrões, em Março do ano passado, foi efectuada através do seu irmão, militar a prestar serviço nas instalações localizadas na Praça da República, no Porto. Incomodados com o negócio que lhes estava a ser proposto, os irmãos decidiram, de forma camuflada, denunciar a situação à Polícia Judiciária do Porto.

Em combinação com os árbitros, a PJ - a mesma brigada que investigou o caso Apito Dourado - montou então uma cilada, no dia anterior ao jogo. Ao encontro com o irmão do árbitro chegou um indivíduo, intermediário de dirigentes do Coimbrões, que trazia o dinheiro em notas. Era o homem da "mala". Em plena Praça da República, mais distante, um dirigente do clube de Gaia observava o sucedido.

Quando o intermediário estava a entregar o suborno ao irmão do árbitro, eis que surgem os inspectores e o detêm. O encontro estava totalmente sob vigilância e já tinham fotografado todos os intervenientes no esquema de corrupção.

Penas acessórias

Após a operação policial, o intermediário foi interrogado e acabou por explicar tudo o que aconteceu. E foi então revelado que a estratégia terá sido ditada pelo agora ex-dirigente do Coimbrões, José Rocha Ribeiro, e o então treinador, António Remelgado - agora técnico da Oliveirense. Estes são os três nomes que constam na acusação esta semana deduzida pelo Departamento de Investigação e Acção Penal do Ministério Público do Porto como presumíveis autores de um crime de corrupção desportiva activa. Também acusado pelo mesmo ilícito foi o Coimbrões, enquanto colectividade que iria ser beneficiada se o esquema de corrupção tivesse surtido efeito. Neste processo está já a ser aplicada a nova lei que pune a corrupção no desporto, em vigor desde 2007, na sequência do Apito Dourado.

Além de prisão - agravada até ao máximo de cinco anos, no caso de dirigentes desportivos, árbitros ou empresários - o novo regime legal prevê penas acessórias como a suspensão da participação em competição desportiva e a perda do direito a subsídios até um máximo de cinco anos.

O jogo em questão ( Serzedelo-Coimbrões, da série B da 3.ª Divisão) terminou empatado 1-1. Afigurava-se importante para o clube de Gaia, uma vez que lutava por manter-se entre os seis primeiros da 3.ª Divisão, entrando assim numa nova fase em que discutia a subida à 2.ª Divisão. Caso contrário, ficaria sujeito a lutar por não descer aos distritais. Face ao resultado obtido (1-1), o Coimbrões terminou em sexto lugar.

In: Jornal de Noticias edição online de 8 de Fevereiro

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