A selecção que não é de todos nós

Por: Henrique Daniel Silva

"Deu-me a impressão que o guarda redes da Albânia estava a fugir de Bruno Alves com medo de levar uma cotovelada"

Depois da vitória de Portugal sobre a modesta Albânia, Carlos Queiroz regozijou-se do feito. “Foi uma vitória arrancada a ferros”. Suponho que na perspectiva de Carlos Queiroz, ganhar à Albânia não é todos os dias para uma selecção como Portugal. Uma selecção que antes levou seis do Brasil e que viu-se grego para empatar em casa com a Albânia, mesmo a jogar com mais um, penso que a vitória em Tirana foi lisonjeira. Aliás, foi uma vitória “Tirana” de Portugal, já que pregou uma certa maldade aos albaneses ao marcarem um golo contra a corrente do jogo. É que a Albânia, tal como a Dinamarca e a Estónia, pôs os jogadores portugueses na linha.

Agora está na moda classificar alguns dos convocados de Queiroz, como paupérrimos. Eu não sou excepção. Prefiro ver Nuno Gomes em vez de Eliseu. O Nuno, apesar de não ser titular no Benfica, é um jogador com larga experiência na selecção e também um jogador de equipa, já que neste momento, jogar em equipa é crucial, visto que alguns jogadores andam à deriva.

Prefiro Nuno Assis do que Tiago. A selecção portuguesa não tem que pagar pelo fracasso do Tiago na Juventus, que desde o ano passado, ainda não quebrou a “malapata” no clube italiano. O Assis é o melhor criativo português a actuar no nosso campeonato, e foi o melhor marcador português nesta época já finda. Motivos para o convocar não faltam.

Prefiro o Ricardo em vez do Eduardo. Pelo menos, não tínhamos que andar com o coração nas mãos cada vez que o Eduardo saísse a um cruzamento. A escolha de Eduardo para defender as redes da nossa selecção, não passa de um mero capricho de Carlos Queiroz para não convocar o Ricardo, já que falta uma internacionalização ao Guarda redes do Bétis para igualar o seu “menino preferido”, o Vítor Baía. Pormenores que não interessam.

Portugal viveu momentos de aflição no empate a zero com a Estónia. Só não perdeu porque não jogou o Eduardo. O guarda redes Beto, que foi o herói do encontro ao proporcionar quatro excelentes defesas, disse que “um dia hão-de entrar todas”. Permitam-me que eu utilize a mesma expressão. Um dia hão-de entrar todas, mas na baliza de Portugal se Eduardo continuar a defender pela equipa das “quinas”.

Ainda o jogo com a Albânia, o Carlos Queiroz tomou uma decisão acertada ao apostar no Bruno Alves. Confesso que estamos perante o melhor defesa central a jogar em Portugal, e também o melhor futebolista a jogar com os braços, que pelos vistos tornaram o portista conhecido no estrangeiro. No lance que deu origem ao segundo golo de Portugal, deu-me a impressão que o guarda redes da Albânia estava a fugir de Bruno Alves com medo de levar uma cotovelada. Se ele for titular na selecção, Portugal vai ao Mundial com uma perna às costas.